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Especial Esporte & Economia

Esporte, um nicho tratado no plano inferior

Por Júlio Castro


    O financiamento do esporte configura-se entre as mais desafiadoras missões do gestor público. A política dispensada ao setor pouco é evidenciada diante da importância que o segmento representa para a sociedade. Pesquisa encomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que para cada US$ 1 investido no esporte como fator determinante à qualidade de vida, economiza-se US$ 3,2 na saúde. 
      O gestor público, avesso à importância que o esporte tem para a sociedade, compartilha uma visão caolha para o significado do segmento e os dividendos que pode contabilizar para o sucesso e representatividade de sua gestão. Sob o prisma da saúde e a qualidade de vida, esquece que o esporte também é um dos maiores nichos de movimentação econômica. 
     Fatores como a cultura local e questões geográficas, combinados com o clima, os dias ensolarados, a extensão de terras, praias e os recursos naturais - pujantes no território catarinense – demandam mais investimento ao esporte como uma atividade existencial e socialmente vital.  

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Em Santa Catarina, conforme dados fornecidos pelas principais federações esportivas e a Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte) estima-se movimentação anual de aproximadamente 1,2 milhão entre atletas, gestores e profissionais da área, com atividades rotineiras, quer seja em competições oficiais ou em atividades de lazer.   

     Receitas oriundas da venda de bens e serviços em clubes, associações, estabelecimentos comerciais (alimentos, suplementos e equipamentos) e outras entidades de pratica de atividade esportiva lideram o ranking econômico do setor. 

Competições movimentam mais de 1,2 milhão no Estado

O Jornal O Esportivo, em sua edição de setembro de 2014, através de consultas a dirigentes das principais federações esportivas de Santa Catarina, contabilizou em 785 mil a movimentação anual de atletas entre federados e aqueles praticantes sem vínculo esportivo com as entidades, profissionais e amadores. O levantamento global considera, também, o número de profissionais de Educação Física em atividade no Estado conforme infográfico publicado ao lado. 


Estão ativos, conforme o Conselho Regional da categoria (CREFSC), 17 mil, ou seja, 2,16% do universo de envolvidos em atividades esportivas no território catarinense. No somatório indireto, considerando intervenções de dirigentes, gestores esportivos, técnicos e auxiliares, profissionais da área da saúde, árbitros e pessoal de apoio, estima-se que movimentação supere os 900 mil protagonistas e coadjuvantes no cenário esportivo catarinense.


A soma reflete a movimentação anual de atletas com margem de 10% de erro para mais e para menos, conforme estimativa dos próprios dirigentes consultados. Não estão computados os atletas que participam das competições oficiais promovidas pela Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte), considerando que, a maioria dos atletas filiados às federações de forma direta, disputa eventos promovidos pela autarquia Estadual. 


Dados extraoficiais dão conta que a Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte) movimenta aproximadamente 500 mil participantes nas competições de seu calendário anual. São consideradas neste universo participantes das fases micro, regionais, estaduais e nacionais de várias disputas, entre elas os Jogos Abertos de Santa Catarina, Joguinhos, Olimpíada Estudantil de Santa Catarina (OLESC), Jogos Escolares (12 a 14 e 15 a 17 anos), Jogos da Terceira Idade, Parajasc, Parajesc, Campeonato Estadual Escolar de Futebol Moleque Bom de Bola, além do Festival Escolar Dança Catarina, apontado como um dos maiores eventos de dança em número de participantes no mundo. 

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*Tiro com Arco, MMA, Badminton, Iatismo, Remo, Tiro Esportivo, Tênis de Mesa, Hapkido, Hoquei, Bicicross, Canoagem, Futebol Sete, Triatlon, Kickboxe, Beach Soccer, Culturismo, Power Dance e Pesca

                      Fonte: Jornal O Esportivo

Movimentação econômica do esporte é superior ao PIB Nacional 

     Conforme pesquisa de análise de mercado da Institucional Business Consultoria Internacional, elaborada pelo professor Istvan Kasznar, em artigo publicado na Eletro Revista Científica e Tecnológica,  a movimentação econômica gerada pelo esporte cresceu a uma taxa anual de 5,37% na década de 2001 a 2010. Um avanço maior que o crescimento médio anual do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 4,00%, o que torna a “indústria” do esporte uma das mais dinâmicas do Brasil. 
     No final de 2011 e início de 2012, pesquisa encomendada pelo governo de Santa Catarina (Plano Catarina) junto a uma consultoria internacional, com a finalidade de definir a política pública ao segmento do turismo, revelou que o setor corresponde a 12,5% do Produto Interno Bruto catarinense. Por segmentação, chegou-se à conclusão que o esporte representava fatia de pouco mais de 3% do conjunto envolvendo o turismo e a cultura. 

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Com a maior expectativa de vida,
Santa Catarina é o Estado do Esporte

           As aplicações do Tesouro Estadual somadas a outras fontes de receitas destinadas ao gerenciamento do esporte em Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte) serão de R$ 42.0009.300,00. É o que estabelece a Lei Orçamentária Anual (LOA) publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) no final de dezembro de 2020. O montante é 18% maior ao previsto para o ano de 2020 que foi de R$ 35.671.300,00.

                O Estado, por meio da LOA, tem previsão de despesas na ordem de R$ 33.028.200,00 mais uma receita estimada R$ 8.981.100,00 oriunda das arrecadações das loterias que, preferencialmente, deverá ser aplicado em competições no âmbito escolar. Os recursos destinados pelo Estado vão suprir despesas com folha de pagamento de funcionários e a realização de eventos previstos no calendário esportivo deste ano. Vão honrar também outras despesas como o pagamento de R$ 8 milhões destinados a uma agência de publicidade que recentemente saiu-se vencedora de uma licitação exclusivamente voltada para ações de divulgação e campanhas de publicidade da Fesporte.

     Os recursos são passíveis de alteração para mais conforme eventuais emendas parlamentares. Um exemplo foi protagonizado pela  Deputada Federal por Santa Catarina Caroline De Toni (PSL), que em novembro do ano passado, deu entrada junto ao Ministério da Cidadania com um projeto para a liberação de R$ 500 mil. O valor será aplicado na compra de bolas de handebol, basquete, voleibol, futsal e futebol de campo. Recentemente, a Fesporte adquiriu, por meio de uma licitação, um lote com cerca de 14 mil bolas para diferentes modalidades, sendo que aproximadamente 5 mil foram destinadas para a Secretaria Estadual de Educação que faz distribuição junto as instituições publica de ensino. A outra parte do lote encontra-se estocada nas dependências da Fesporte. 

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Receitas oriundas da venda de bens e serviços vinculadas ao esporte


- Ticket;
- Treinamento; aulas; lições;
- Vendas de alimentos e bebidas;
- Vendas de uniformes; camisas; camisetas; calças; shorts; macacões;
trainings;
- Vendas de sapatos; tênis; afins;
- Vendas de bandeiras; hinos; copos e objetos com símbolos de clubes;
- Aluguel de espaços; quadras; estacionamentos; pátios; estádios; áreas
recreativas; quartos; pensões; acomodações habitacionais internas;
- Organização do Esporte; de eventos; de shows esportivos; de
campeonatos;
- Taxas advindas de torneios e campeonatos;
- Contratos com renda de jogadores profissionais;
- Contratos de imagem;
- Contratos de direitos de transmissão televisiva; por rádio e mídia em
geral;
- Contratos de patrocínio;
- Loterias e premiações internas;
- Bingos e jogos internos;
- Apostas e cassinos esportivos internos;
- Outros;
- Receitas variadas e outras:
- Doações nacionais;
- Doações internacionais;
- Transferências federais a estados e municípios 
- Contribuições voluntárias – tipo apelo para apoiar um atleta, uma
criança, uma população que vive em comunidades pacificadas ou não
pacificadas;
- Fluxos financeiros diretos e indiretos intra empresas e organizações de tipos
diversos e também esportivas – esporte de alto desempenho; escolas;
universidades; faculdades; fundações; institutos; outros;
- Recursos públicos em todos os níveis, federal, estadual e municipal, sendo a
considerar:
- Impostos e taxas em geral, que em parte se destinam ao esporte;
- Impostos, taxas e emolumentos que são específicos do Esporte ou
exclusivos dele;
- Parte de receitas, contidas em orçamentos específicos, para programas
esportivos; times; equipes; programas e afins;
- Subsídios;
- Doações;
- Bolsas – atleta;
- Bolsas de estudo;
- Bolsas de complementação profissional;
- Repasses e transferências públicas para custeio e investimento;
- Serviços associados a práticas esportivas com o apoio do setor público:
Acesso a comunidades; campos; estádios; piscinas; transportes;
alimentos; complementos vitamínicos;
- Subsídios, apoios e patrocínios de empresas públicas – estatais e
estaduais;
- Subsídios indiretos;
- Loterias e arrecadações especiais;
- Isenções fiscais e para-fiscais;
- Descontos de multas fiscais e sobre empresas e pessoas;
- Anistias;
- Promoção de incentivos fiscais e descontos, para a compra de
equipamentos esportivos; para a promoção de eventos; para obras
públicas e privadas esportivas;
- Apoio a incentivos contidos na Lei Rouanet;
- Outros.

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